quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Superar todas as fronteiras


Por Francisco Corrêa Moraes
Com. Teologia – Parma – Itália
E-mail: francormort@bol.com.br

Porto de sal das lembranças
Das velhas palhas trançadas
Na rede de um outro riso
Às margens de outra cidade
Ah, os teus sonhos de rio!
(Olho de Boto - Composição: Nilson Chaves e Cristóvam Araújo)

Faço uma experiência nunca antes provada, mas arrisco em compará-la a um banho de igarapé (rio), só faz o “banho” quem tem motivação... E você se lança nas águas desse “rio misterioso” e ao mesmo tempo “amigo”. Nào hesitando em nadar, mergulhar, saltar da “cabeça da ponte” e viver sem reservas esse momento. (Pai d’égua nano!)
Creio que é mais ou menos assim o meu sentir e todos que fazem essa etapa de nossa formação, sabem o quanto é belo. O missonário sabe da importância desse esforço, de se sentir criança outra vez, de se deixar formar, aprendendo com os erros, e a cada dia prova o sentir de que não está sozinho.
Mais do que seres diferentes, somos pessoas normais que como qualquer outra deixou um pouco de espaço na sua vida para acolher o novo. Com disponibilidade para buscar aquilo que Deus tem a oferecer, na simplicidade do dia a dia, na presença da comunidade, na escuta e no apoio das pessoas que apareceram em nosso caminho.
A riqueza de nossa comunidade na perspectiva da universalidade, e no grande anseio de “fazer do mundo uma só família” nos convida a fazer a experiência da vida em comunidade internacional, então desde já partimos para fora de nosso país e cultura, para entrarmos na dinâmica de nossa espiritualidade, numa vivência prática.
E aqui estou em Parma na Itália, em meio a uma comunidade multicultural. Somos 14 estudantes provenientes dos seguintes países: (1) Indonésia, (2) Camarões, (1) México, (1) Burundi, (5) Congo, (1) Itália e (3) Brasil. Além da equipe formativa que é de quatro padres.
Nossa espiritualidade missionária nos convida a fazer esta maravilhosa aventura, e nos desafia a superar todas as fronteiras: geográficas e culturais, nos tornando irmãos de todos. Realizando em nos o sentido mais pleno de ser humano reconhecendo nossas fraquezas e limitações, revelando assim nossa capacidade de crescer.
Já se passaram dois meses, e a sensação é de que foi ontem que eu cheguei aqui! O acolhimento recebido, e a vida na comunidade me deram segurança e coragem, assim em poucos dias me sentia ambientado e sereno. Difícil foi me acostumar com a ideia de estar num lugar que só conhecia através dos escritos, ou seja, dum “cenário” com “figuras” e “personagens”. Aqui encontrei fatos e vestígios que muito me ajudaram a compreender a vida de nossa congregação, bem como reafirmaram minha paixão pela Família Xaveriana.

Parma é um lugar de convergência de nossa espiritualidade missionária, pois aqui está a Casa Mãe da Congregação, onde passam muitos confrades de retorno das missões, ou que aqui buscam tratamentos de saúde, eu os chamo de “heróis e santos” pelo tanto que já se gastaram nas missões, como pelo testemunho de serenidade e oração nessa etapa de sofrimento e esperanças. Além disso, nosso Fundador viveu aqui – o Bem Aventurado Guido Maria Conforti – deixando rastros de sua santidade.
Até agora, muitas foram as oportunidades de conhecer algo de novo por aqui – para alguns pode parecer turismo – mas na verdade todas elas tiveram um sentido muito pessoal, e deste modo fui percorrendo um pouco os passos de nosso fundador, passando por lugares históricos, alguns registrando em fotografias e tantos outros no coração.
Nossas aulas de Língua Italiana iniciaram 26/09, ou seja, tivemos quase um mês para conhecer um pouco desse universo. Outra maneira de auxílio à nossa Inculturação se dá no empenho pastoral junto às comunidades. Estou na Paróquia da Transfiguração e acompanho um grupo de jovens, vou a um Grupo Escolar na Villa Ghidini (muito parecido com a “pastoral do menor” lá ajudamos a fazer os exercícios da escola e juntos praticamos alguns esportes), e Ajudo um Grupo de Lectio Divina, formado por casais. Vejo em todos esses empenhos oportunidades valiosíssimas de partilhas, e sobretudo de aprendizado.
Caminhos foram abertos e me deixei guiar pelo Santo Espírito de Deus, que conduz nossa vida abrindo o nosso coração na simplicidade e deixando Deus conduzir nossos passos, pelos caminhos que Ele deseja, não nos nossos, mas naqueles que Ele nos levar... na simplicidade, na ternura, na paciência em Deus.

Renovamos deste modo, nosso compromisso de rezar uns pelos outros!

Aos pés da estátua do Fundador - Dom Guido Maria Conforti


Comunidade de Teologia de Parma - Itália


Comunidade da Casa Madre - Parma - Itália


Em tudo, Deus! Notícias sobre o Thyphoon




por Angelo Cartelli Junior
Com. Teologia - Manila - Philippines

Cara comunidade de filosofia e amigos do Brasil! Realmente tomamos um susto naquele final de semana, em particular eu, que nunca tinha estado tão perto de uma realidade assim. todos os nossos confrades estão bem, apenas a casa regional sofreu alguns prejuízos materiais, pois como a água cobriu praticamente o primeiro andar da casa, se perdeu todos os aparelhos eletrônicos, como computador, Xerox, geladeira... contam que a água chegou de repente, abriu a porta da frente, e pensando que ela não fosse subir mais do que estava, começaram a colocar as coisas em cima das outras e não se preocuparam em sair de casa. Minutos depois foram obrigados a subir para o segundo andar, não podendo salvar muita coisa, assim, ficaram todo o sábado sem comida.


Nós ficamos na angústia de não poder fazer nada na hora, apenas se comunicando por celular enquanto se tinha bateria. Na casa de teologia não houve problema, mas algumas das nossas comunidades (capelas) víamos o povo passando na rua carregando as coisas, no dia seguinte não tinha nenhuma condição de nem rezar missas.

No domingo pela manhã quando a água já tinha ido embora e era possível andar nas ruas. O Pe. Aldo com os estudantes foram para a região da casa regional, foram ver os padres e limpara a casa na esperança de salvar alguma coisa. Na segunda não tivemos aula, tudo parou, na terça a minha classe foi ajudar a organizar os mantimentos doados, destinados às vítimas das enchentes. Um trabalho de formiga, mas cada sacola de arroz que nos repassava eu rezava pedindo para que quando chegasse nas famílias, levasse muitas bênçãos e muita força para recomeçar... foi uma experiência legal poder ajudar!

O que aconteceu na verdade foi um thyphoon (tornado), os estudiosos classificam em 1,2,3. o governo anunciou minutos antes que era o 3, o mais fraco, mas todos os filipinos estão convencidos de que pelo tamanho do estrago foi um 1, pois dizem que num único dia choveu mais do que o normal de uma temporada de chuva; um recorde de 40 anos. O centro do thyphoon estava no mar chegando até nós apenas as correntes de ventos acompanhados de muitas chuvas. Com certeza o governo omitiu para não criar pânico. Mas rezo para que Deus nos abençoe!

Estou com vocês em minhas orações.









segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Padre Mario Tirloni



por Tiago Eurico de Lacerda
Com. Filosofia - Curitiba - PR

Em ocasião dos cinquenta anos de ordenação sacerdotal do padre Mário Tirloni, natural de Torre Boldone, Itália; o INFOX o entrevistou para saber um pouco mais sobre sua história e trajetória vocacional deste grande missionário xaveriano. Com alegria ele concedeu ao colunista Tiago um breve testemunho de sua vida que em pleno mês missionário soleniza tamanha festa.


Tiago Eurico: Caro padre Mário celebrar esta festa é uma grande alegria não só para o senhor, mas para toda a família xaveriana e Igreja. Gostaríamos de saber um poço mais sobre o início desta jornada. Como foi o chamado a esta vocação, como o senhor percebeu que era um convite de Jesus a segui-lo como sacerdote?

Padre Mário: Creio que não se percebe, isto acontece. Veja, eu recebi um folheto de um padre xaveriano que me colocou à questão: você gostaria de ser missionário? Eu respondi sim. Depois ele veio me procurar, conversamos e em dois meses eu já estava dentro do seminário com onze anos, dois meses e treze dias. O seminário era a uns sete quilômetros em Pedrengo, onde fiz o que hoje chamam de ensino médio. Depois fiz a filosofia em Désio, três anos; teologia, dois anos em Piacenza e dois em Parma.

T.E.: O senhor foi ordenado após terminar os estudos, ou esperou um pouco mais, conte-nos com foi esta experiência.

P.M.: Eu fui ordenado sacerdote no início do quarto ano de teologia, na festa de Cristo Rei com mais vinte e dois colegas, no dia 25 de outubro de 1959 pela manhã. Foi um momento inesquecível. Estava presente a minha mãe, meu tio, amigos e benfeitores. Uma alegria imensurável. Gostaria que o meu pai estivesse, mas já tinha falecido um ano antes de minha ordenação com 57 anos, ele acompanhou do céu.

T.E.: Em seguida o senhor já sabia sobre a sua destinação? Tinha algum lugar já em mente?

P.M.: Foi uma situação interessante. O que eu queria era o que precisava a congregação. No quarto ano de teologia eu recebi um telefonema para saber o nome certo para o passaporte, eu já sentia que era algo relacionado a minha destinação e não demorou muito para me informarem. Fui destinado ao Paquistão Oriental, hoje, Bangladesch. Enfim parti com o padre Lourenço Fantini no navio Vitório.

T.E.: Mesmo com toda esta disponibilidade e vontade de fazer a vontade de Deus e dos superiores, quais foram as dificuldades que permearam sua chegada e missão no Paquistão Oriental?

P.M.: Uma das dificuldade foi o idioma, precisei de nove meses para aprender o Bengalês, a comunicação é muito importante, falar a língua do outro é um caminho para o diálogo; outra dificuldade foi o clima muito quente. Eu vinha de um clima temperado, o que me fez sentir um pouco. Ali fiquei durante sete anos e dois meses, após este período, recebi outra destinação me enviando ao Brasil.

T.E.: Como foi para o senhor receber esta destinação e vir para o Brasil?

P.M.: Sempre uma alegria. Cheguei a São Paulo para aprender a língua, gostei muito do povo, mas é preciso chamar-lhes a atenção para conhecer melhor sua Igreja, que precisa ser mais amada, esta foi a impressão que tive. Adaptei-me muito bem e gosto muito da pastoral.

T.E.: Padre Mário, o Infox é o informativo dos formandos xaverianos do Brasil-Sul e pode ser acessado por todos os estudantes do mundo inteiro. Muitos vocacionados também acessam o nosso blog como meio de proximidade e diálogo, o que o senhor poderia dizer a todos os formandos xaverianos e aos que aspiram a esta vocação?

P.M.: Os aspirantes, desde pequenos, sejam missionários, rezando, manifestando sempre o amor e ideal de Jesus Cristo. Ele quer que tenhamos vida e vida em abundância, que todos sejam salvos. Os povos precisam de missionários, esperam os que aceitam esta vocação, querem acolher os que desejam se doar para eles pela causa de Cristo. Mas é preciso de alguém que os ajude neste discernimento, e ninguém melhor que a virgem Maria, que amou tanto a Jesus e quer que o sigamos. Para os estudantes eu digo que sigam rezando, estudando e fazendo sua caminhada com fé, não olhar para trás, se Deus os chamou, não os abandonará. Vocês encontrarão outros missionários que os receberão noutros países para juntos formarem uma só família, acreditem!

É o amor à Igreja e aos povos que nos leva além. Não podemos amar só a Itália ou só o Brasil, mas amar a todos os povos fazendo a vontade de nosso Deus que é também o sonho de nosso fundador Guido Maria Conforti.

T.E.: Padre Mário, muito obrigado pela entrevista concedida à coluna Testemunhos do INFOX, o seu testemunho de cristão e de fé nos impulsiona a querer sempre mais confiar em Deus e na realização de seu Reino. Que neste quinquagésimo aniversário sacerdotal o Senhor te cumule de muitas graças para que anuncie por muitos anos ainda a Boa Nova do Reino de Deus.

domingo, 18 de outubro de 2009

2º Estágio Vocacional - Londrina - PR


por Emerson Alves dos Santos
(Seminário menor - Londrina - PR)

Aconteceu de 09 a 12 de outubro o 2º Estágio Vocacional de 2009 no seminário menor xaveriano, em Londrina, com o tema: “Xaverianos – o modelo, o sonho, a família”.

Tivemos a presença de 8 vocacionados provenientes de 4 cidades diferentes: Anderson, Jacson, Lucas e Matheus, de Laranjeiras do Sul (PR); Alexandre e Felipe, de Curitiba (PR); André, de Hortolândia (SP) e Danilo de Sumaré (SP). Também estiveram presentes os padres Gabriel Guarnieri e João Bortoloci, além dos padres que já convivem conosco – Rafael Zocchetta, Fábio Casteli, Aléssio Cabras e Camilo Didoné.
Iniciamos com o jantar na sexta-feira e logo em seguida fizemos algumas dinâmicas de entrosamento. Para as tarefas, durante o convívio, dividimos todo grupo em quatro equipes e os padres num quinto grupo (como no EFOX).
Entre as diversas atividades de sábado, tivemos duas colocações: a vida de Francisco Xavier e a de Conforti, apresentadas por Moacir e Paulo, respectivamente. No domingo participamos da Eucaristia na Paróquia Nossa Senhora de Fátima e, após o almoço, fomos a uma chácara para um momento de lazer, alguns nadaram e outros divertiram-se com um jogo de cartas – UNO. Depois de voltarmos e banharmo-nos, jantamos e rezamos o terço missionário, no qual cada equipe preparou um ambiente com símbolos de seus respectivos continentes. Após o terço, nos divertimos jogando bingo. Na segunda-feira de manhã foi apresentada, por Evandersom e pelo padre Rafael, uma última colocação, que girou em torno do carisma Xaveriano.
Encerramos nossa convivência com a Santa Missa em nossa capela – festa de N. Sra. Aparecida –, seguida do almoço.
Peçamos a Deus, por intermédio da Virgem Maria, que ajude aos vocacionados, aos demais jovens do mundo e a nós, estudantes xaverianos a descobrirmos nossa vocação, para construirmos uma sociedade mais fraterna, realizando assim o sonho de Dom Conforti: fazer do mundo uma só família!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O lugar que Deus escolheu para mim


por Adriano Cunha Lima
(Com. Teologia - Iaundê - Cameroun)

Já fez um mês que saí do Brasil e quase um mês que estou no Cameroun. Estou fazendo uma experiência completamente nova... dasafiadora e divertida. Na Itália foram dias muito bons, conhecer cada pedacinho da Parma e da nossa história xaveriana (tendo como guia Mons. Cesar). Pude rever os confrades, velhos (Chiarelli, Gotti, Toffi...) e os jovens (Cesar e Tiago), sem contar a imensidão de novas pessoas, irmãos que gostei de conhecer, além das figuras mitológicas... (Costalonga, Marini, Ferro...). Dias que ganharam importância notável em minha caminhada. Contudo, ainda não tinha chegado em casa. Já estava ansioso para viajar para África e o dia chegou.
Até a Itália as coisas foram mais simples, entendia quase todas as palavras, e podia falar, embora os erros, meu italiano era suficiente para minha "curta estadia". Mas chegou o dia, estava viajando para o lugar que Deus tinha escolhido para mim, a língua se distanciou mais ainda da minha, já não compreendia como na Itália, e não conseguia falar sem um interprete, mas uma coisa eu entendia bem, a "fraternidade"... descobri uma família, minha família, que me acolheu muito bem, apesar de toda diferença entre nossas vidas. É muito bom ser cidadão do mundo... e encontrar irmãos onde quer que vá...
Eu gosto muito de falar e partilhar meus sentimentos e aqui não podia com tanta facilidade... uma experiência nova me convidava a guardar no coração... a rezar... e a expressar de outras formas.
Aceitei o desafio proposto... gostei de me sentir como criança, gostei de não saber falar, e gostei também de ser olhado como estrangeiro, principalmente pelas crianças (as de colo chegam a chorar quando me vêem, rsrsrsrsr). Muita coisa é muito diferente e justamente aí posso encontrar o divertido da vida: a novidade!
Muito obrigado, primeiro pela formação que recebi no Brasil, que me deram bases para bem viver, não são poucas as vezes que me lembro dos conselhos dos meus formadores. Segundo pela presença forte na minha família, isto me deu condições de partir em paz.
Por fim peço que reze por mim e por toda nossa comunidade (somos 15 estudantes e 3 padres, de 7 nacionalidades diferentes). Eu daqui rezo por vossa comunidade e principalmente pelo dom da perseverança aos nossos irmãos da filosofia, que espero poderem fazer esta experiência de partir; é um presente de Deus...
No dia 5 de outubro (segunda-feira) começo meu curso de francês, a língua é muito bonita, mas é bastante difícil... minha nova língua...